quinta-feira, 10 de setembro de 2009

LADRÃO DE LIVROS



Pipipipipipipi...
O alarme da biblioteca tocou, alguém acabara de ser pego em flagrante!Todos da fila, das mesas,do balcão se viraram para ver quem era o autor do “crime”, o ladrão de livros.
Não pude deixar de sentir pena do garotinho que, vermelho como um pimentão, gaguejava explicações ao segurança. Devia ter seus... 12 anos, parecia um daqueles “nerdzinhos” - mesmo sem os óculos (o paradigma dos Nerds) - tinha o rosto cheio de espinha e olhos curiosos. A conversa, quase monossilábica, entre ele e o homenzarrão foi humilhante; pensei que o menino fosse chorar a qualquer momento, felizmente não, resistiu com bravura.
Não que eu ache bonita sua atitude, desrespeitar leis em qualquer circunstancia é inconveniente e implica punições, por outro lado, como condenar um ladrão de livros?
Comparo os ladrões de livros a quem rouba comida, é necessidade. Se um alimenta o corpo o outro alimenta (e transforma) a alma, suas influencias serão sentidas por toda a vida.
Lembrei de mim, um pouco menor que o garoto (nove anos). Peguei um livro na biblioteca da escola, “Reinações de Narizinho”, por indicação de uma amiga. Todos os dias, lia uma página, um parágrafo ou uma linha que fosse. Sucessivamente mais encantada com a estória de Monteiro Lobato deleitava-me com cada palavra, com o mais ínfimo ponto; em alguns momentos interpretava emocionada, ou simplesmente narrava, as peripécias de algumas personagens. E fui ficando,o tempo passando, passando, passando... quando dei por mim, havia mudado de casa e de escola, não podendo mais restituir à biblioteca. Outras oportunidades inconscientes de ficar com o livro alheio vieram, mesmo ressentida, não tinha mais cara para devolver o “furto”(tão explicito em minha consciência).
Se não me engano, o livro escolhido pelo garoto foi “sonhos de uma noite de verão “ , ainda envergonhado, ele baixou a cabeça e pediu desculpas.
Por ser a próxima da fila não consegui acompanhar o desenlace da história. Acho que no fundo o menino sequer considerou errada a sua atitude, sendo tão inconsciente e sonhador quanto eu.
CAMILA MARINHO

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